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Podcast: Oikonomia 13_Valores, Instituições e vice-versa

  • Foto do escritor: João Leitão
    João Leitão
  • 16 de mai. de 2023
  • 3 min de leitura

O podcast desta semana é especial porque aborda a relação entre os valores e as instituições, usando uma lente de economia política. Começo com variadas questões: De facto, ao contrário dos valores, as instituições não estão em crise? Ou será o contrário? Ou será mesmo uma relação de feedback, isto é, as crises das instituições conduzem a crises de valores?

Fazendo um apelo aos valores, estes podem ser ensinados e aprendidos, daí o papel fundamental da família, onde tudo começa, ao qual se adiciona o papel crítico do elevador social, que deve ser o sistema de ensino. Ou não deve ser assim?

Será que os mais abastados, podem ter melhores valores do que os mais humildes, por via da condição social desigual dos segundos?

Confesso que a atualidade política internacional e nacional levanta estas e muitas outras questões, porque os mais abastados ameaçam, atacam e fazem mossa, por via da sua desigualdade de nível superior. Mais, fazem avariar os elevadores sociais, pelo menos suspendem ou hipotecam o seu funcionamento democrático, por tempo indeterminado.

Sente-se no ar um certo ar bafiento, de condicionamento, favorecimento e lápis azul, ou será, nos tempos pós-modernos, satélite ou drone azul? Como chegam os nossos decisores políticos e as camadas sucessivas de assessores, às responsabilidades que lhe são conferidas? Será com base nos valores que trazem de casa, e que aperfeiçoam dentro de um sistema de ensino, que trata por igual o aluno trilíngue e o aluno cujos pais têm de pôr no prego o pouco que têm, para poderem pagar a fatura do supermercado e da energia consumida, com cartão de crédito?

A nossa sociedade está longe de estar assente em valores sólidos de igualdade, solidariedade e partilha. Hoje, os valores são individualistas e claramente inflacionados pelo emblema social, que a família ou a matilha a que pertencemos, ou não, nos colocam sobre o dorso.

Em termos económicos, fazendo uso de uma reta temporal, se a crise de valores atrás reportada, antecede a evolução das instituições para conjeturas de crise, por que ordem de razão não reeducamos o Zé Povinho com outros valores? Ou não é conveniente?

De facto, podemos assobiar, ou como dizia um comentador pago, continuar a comer gelado com a testa, mas não podemos ignorar as crises de valores, nem tão pouco as crises das instituições. Caso contrário, as instituições formais, entenda-se as leis, as regras e os procedimentos, e as instituições informais, ou seja, os usos, os costumes e as idiossincrasias sociais, o que é nosso, serão afetadas, de uma forma crónica e (irre)mediável, até perecerem.

A literatura económica pontua bem a influência positiva de instituições sólidas sobre as decisões de investimento e o crescimento económico sustentável. Por contraposição, os estudos económicos pontuam mal os efeitos negativos decorrentes de instituições decadentes, com problemas de confiança, credibilidade e corrupção percepcionada, sobre o crescimento económico e, mais recentemente, no reforço da desigualdade económica e social.

Chegados a este ponto pensam alguns: ainda não percebi uma ponta desta crónica cantada?! É um facto, não dá perceber tamanho alheamento das instituições e das pessoas que as constituem relativamente aos episódios sucessivos de quebras de valores e dos pilares das instituições, que afetam negativamente a credibilidade e a confiança de quem trabalha e vive em Portugal. Se existem Leis e hierarquias, estas devem ser respeitadas, gerir um país tem de ser mais do que alimentar folhetins em torno de comissões parlamentares de inquérito, supostas agressões, computadores desaparecidos ou informações classificadas.

Governar e gerir um país, de forma sustentável e socialmente responsável, requer uma visão de longo prazo e uma capacidade de gestão de recursos escassos, assente em valores e instituições sólidas que reúnam e integrem visões e pessoas divergentes, mas que convirjam na elevação do bom nome da nação, dos seus representantes, mas também da(o)s cidadã(o)s, que diariamente assistem a um desgaste dos princípios mais basilares da saudável coexistência, política, social e económica, observando um acentuar da desigualdade e da divergência regional, tornando a vida de cada um de nós, cada vez mais desigual e difícil!

É nos momentos mais difíceis, que se conhece a verdadeira fibra de que somos feitos, e mais não conto. Termino, sugerindo um PCR - Plano de Coragem e Resiliência, para todos, com valores e instituições sólidas, que bem precisamos! Viva a Primavera a caminho do Verão!


 
 
 

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