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Podcast: Oikonomia_7_Os 12 Trabalhos da Univer(C)idade Região

  • Foto do escritor: João Leitão
    João Leitão
  • 27 de mar. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 12 de abr. de 2023


Este texto de opinião tem por argumento principal a defesa de uma regionalização efetuada a partir das … e com as Univer(C)idades, sim, porque agora podemos falar em pluralidade de Universidades, pois todas as instituições de ensino superior públicas, em Portugal, são agora universidades, pelo menos na designação e na forma, deste modo, no essencial participaremos, com expetativa renovada, nas evoluções positivas esperadas, ao nível regional.

Voltando à Univer(C)idade Região, esta trata-se de uma extensão natural das universidades a diferentes cidades e vilas da região de que fazemos parte. Trata-se de ganhar massa crítica, centralidade e capacidade de negociação. Para já, salvo melhor opinião, os três concelhos da Cova da Beira, têm mais força do que um. Mas, a realidade aponta para que possam ser mais, incluindo, em termos aglutinadores, inclusive outras NUTS III, para podermos ligar a língua litoral ao pouco denso interior, do Atlântico à Raia central, e do Douro ao Tejo. Ir ao encontro das suas necessidades, mas também determinar novas trajetórias de investimento, educação, investigação, mudança tecnológica, mudança social e sofisticação de diferentes unidades territoriais carentes do aprofundamento de uma necessária especialização, complementada por uma diversificação das atividades que tornem os territórios mais atrativos, resilientes, competitivos, produtivos e sustentáveis.

É fazer sair as Univer(C)idades das suas sedes e descentralizá-las, dotando-as de mais recursos e forçando a sua implantação no espaço regional, e não alimentar mais funcionamentos à distância, que até agora polarizam um certo desenvolvimento localizado e questionável, não o disseminando de forma equilibrada entre as partes interessadas na região de influência.

Às Univer(C)idades deve ser atribuído, oficialmente, o papel voluntário e informal, que já têm, de aceleradoras da produtividade, mas estas instituições de conhecimento devem seguir lógicas de inovação aberta, identificando no exterior as necessidades e articulando as suas atividades de ensino, investigação e transferência, com as especializações locais e regionais, no sentido de empoderar as entidades públicas, as empresas, as instituições sociais e os cidadãos, na edificação de ecossistemas regionais de inovação orientados para a coesão económica e social dos territórios, e também para a sofisticação e exportação das produções locais e regionais.

Ao nível da Região Centro, espero integrar uma realidade de redes de Univer(C)idades que rompam o status quo, do Oeste em direção ao planalto da meseta ibérica, rumo ao centro da velha Europa.

Recuperando os 12 Trabalhos de Hércules na mitologia grega, que originalmente não poderiam ser executados por pessoas comuns, meros mortais, a proposta de 12 Trabalhos para a Univer(C)idade Região, no sentido de esta conseguir assegurar a almejada coesão territorial, consiste no seguinte:

1. Plano de Reindustrialização verde, abrangendo investimentos públicos e privados orientados para os recursos naturais e energéticos: água; floresta; raças autóctones e biodiversidade; dessalinização; hidrogénio verde; e novos materiais descarbonizados.

2. Construção do Regadio da Cova da Beira, fase 2.

3. Construção de um canal de água salgada, com ligação entre o litoral e a Cova da Beira, com instalação de unidades de dessalinização nos territórios recetores.

4. Reforço e modernização das redes e acessibilidades ferroviárias (incluindo as linhas da Beira Alta, da Beira Baixa e uma ligação à Figueira da Foz) e rodoviárias (IC6 – ligação a Coimbra, por via do interior do Concelho do Fundão, e ligação transversal entre a A25 e a A23, entroncando no IC31, para desencravar os Concelhos do interior raiano, em especial, Sabugal e Penamacor).

5. Programa de habitação para 3 segmentos de mercado-alvo: jovens; migrantes; e seniores; com incidência no espaço urbano-rural, e não apenas urbano.

6. Aumento do solo industrial no interior pouco denso.

7. Eliminação das portagens na A25 e na A23 – o sétimo trabalho!

8. Competitividade e fiscalidade verde, amiga do empreendedorismo qualificado, baseado no conhecimento.

9. Plano de Conectividade das Telecomunicações, que garanta cobertura total do território, em prol de regiões sem zonas brancas, cinzentas ou outras paletes de cores.

10. Criação de um centro de investigação e desenvolvimento (I&D) multidisciplinar em ligação com o cluster de novas tecnologias, incluindo serviços partilhados, tecnologias de saúde, mecatrónica e tecnologias agrícolas.

11. Estrutura de desporto com componente de I&D ligada à água, à qualidade do ar e à natureza, com valências de saúde e bem-estar, recuperação, treino e alta competição.

12. Iniciativa política tendente a uma reforma administrativa que vise instituir as Cidades-Região, no sentido de aumentar a capacidade dos territórios para captar e executar programas de investimento produtivo, respeitar a contratação pública e implementar políticas multinível.

Para terminar, urge valorizar as Univer(C)idades, alocando mais recursos a estas instituições de primeira linha na produção e exportação de conhecimento altamente qualificado, pois só assim poderemos aspirar a poder territorializar as políticas públicas definidas em Bruxelas e transpostas para o terreno pela Administração Central, que parece estar numa posição cada vez mais longínqua dos territórios de influência esperada. Não resistiremos apenas, iremos lutar por uma nação mais equilibrada, com Univer(C)idades mais cívicas e sustentáveis!


João Leitão


Opinião, 15 de março, de 2023, Texto publicado no Jornal do Fundão

 
 
 

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