Podcast: Oikonomia_9_Economia do Futebol
- João Leitão
- 12 de abr. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 15 de abr. de 2023

O futebol é o ópio do povo, por isso o trazemos à antena, mas também pela constatação empírica de que hoje é um negócio global, onde investidores, consumidores, clubes e adeptos, assumem hoje papéis muito diferentes do tempo em que os jogadores comiam a relva ou saboreavam a poeira do pelado, pelo puro amor à camisola e à sua terra.
Panorama nacional?
O sexto Anuário do Futebol Profissional Português elaborado pela EY (antiga Ernst&Young) em parceria com a Liga Portugal, destaca que o futebol profissional contribuiu em 2021/22 com 617 de milhões de euros para o PIB português. O mesmo relatório que retrata o impacto económico, cultural e social da indústria do futebol, evidencia que esta representa 0,29% do PIB português, tendo ampliado a sua contribuição em12,02%, face ao ano transato.
Esta variação positiva justifica-se por via do regresso do público aos estádios, o que permitiu um aumento das receitas de bilheteira, e também por motivo das participações das equipas portuguesas na UEFA Champions League na época 2021/22.
No total, as 34 sociedades desportivas, que compõem a I Liga e II Liga, registaram um volume de negócios de 917 milhões de euros. Na época transata de 2020/21, esse valor cifrou-se em 792 milhões de euros.
Na última época, o futebol profissional foi também responsável por 3595 postos de trabalhos, entre jogadores, treinadores e funcionários afetos às áreas de suporte, gestão e administração. Os salários ascenderam a 319 milhões de euros, ocupando os jogadores o topo da tabela remuneratória, com um total agregado de 238 milhões de euros. Ainda segundo o mesmo relatório, em 2021/22 passaram pelos estádios da I Liga, 2,4 milhões de espetadores, pelos da II Liga, apenas 307 mil espetadores.
A Liga Portugal fechou a época, pelo sétimo ano consecutivo, com resultados positivos, desta feita com lucros de cerca de 1,2 milhões euros e com uma receita recorde de 22 milhões de euros. É de destacar que, um total de 8,2 milhões de euros, foi libertado para efeitos de distribuição entre os clubes.
O mesmo Anuário pontua ainda que, em 2021-22, a maioria das transferências de futebolistas da Liga Portugal bwin - 55% das saídas (em comparação com os 50% em 2020-21) e 50% das entradas, acabou por envolver clubes estrangeiros, o que sinaliza uma cada vez maior internacionalização do futebol português.
Jogo europeu?
De acordo com o estudo anual: Football Money League; elaborado pela Delloite e publicado em janeiro de 2023, fica evidente que, eliminadas as restrições do combate à pandemia, o negócio do futebol recuperou rapidamente, regressando aos níveis de negócio anteriores.
A análise às receitas dos 20 clubes que mais faturaram em 2021/22 evidenciou que, apesar de ainda um pouco afetadas, em alguns países no acesso de espetadores aos estádios, permite constatar, de novo, um conjunto assinalável de acréscimos comerciais, televisão e bilheteira). As temporadas de 2019/20 e 2020/21 foram excecionais a todos os níveis, devido aos efeitos económicos e sociais da pandemia.
Deste relatório, resulta ainda a constatação de que, as melhorias no conjunto dos resultados líquidos ocorridas nos últimos anos, estão relacionadas, sobretudo, com a implementação do fair play financeiro, por parte da UEFA.
Recorde-se que, o fair play financeiro começou em 2011. Desde então, os clubes que se qualificam para as competições da UEFA têm de provar que não têm dívidas em atraso em relação a outros clubes, jogadores, segurança social e autoridades fiscais. Por outras palavras, têm de provar que pagaram as contas. Desde a época 2013/14, os clubes têm também de respeitar uma gestão equilibrada em "break-even", o que significa que não gastam mais do que ganham.
Regressando à época transata de 2021/2022, é de destacar que o crescimento das receitas foi quase todo absorvido pelos custos operacionais, em particular, salários e amortização de passes (excetuando-se os casos de clubes que construíram novos estádios).
Constata-se também que se tem acentuado a predominância de clubes ingleses no ranking europeu top 30. Pela primeira vez, mais de metade das posições do top 20 é ocupada por clubes da Premier League (11), perfazendo um total de 16 no referido top 30. É de destacar que a representação de outros países europeus, está limitada ao Paris SG (5), de França, ao Benfica (24), de Portugal, e ao Ajax (27), dos Países Baixos.
A ver vamos, se uma vitória inesperada do Benfica, na edição deste ano da UEFA Champions League, poderá alterar este ranking europeu ou deveremos antes dizer ranking inglês!? E já agora de uma vitória quase impossível, para alguns, do jovem e irreverente Sporting Clube de Portugal, na UEFA Europe League da época desportiva em curso!
Comentarios