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Podcast: Oikonomia_6_Economia das Plataformas

  • Foto do escritor: João Leitão
    João Leitão
  • 24 de mar. de 2023
  • 3 min de leitura

Hoje vou falar-vos de plataformas digitais, estas não são as afamadas plataformas logísticas, mas encerram em si uma vantagem competitiva associada à concentração do poder de marcado e à operacionalização online de diversos lados do mercado, em termos simultâneos, para vendedores, compradores, intermediários e facilitadores, poderem transacionar bens e serviços novos, usados, reciclados, circulares, triangulares ou como entendam apresentar.


O que é?

A economia das plataformas baseia-se num modelo de negócio em que uma empresa opera uma plataforma online que proporciona a interconexão entre vendedores e compradores. Estas plataformas estão habitualmente sedeadas na Internet e permitem que os indivíduos e as empresas ofereçam produtos e serviços para um grande mercado.

As empresas que operam essas plataformas são frequentemente denominadas por plataformas digitais. Estas empresas geram geralmente receitas por intermédio da aplicação de comissões sobre as transações efetuadas na plataforma. Alguns exemplos de empresas que operam de acordo com este modelo de negócio são: a Uber; a Airbnb; a Amazon; o OLX; etc.

A economia das plataformas pode oferecer benefícios para os vendedores, permitindo que estes últimos atinjam um mercado de maior dimensão, do que seria possível, em termos individuais. Os compradores podem encontrar produtos e serviços a preços mais convenientes e com maior facilidade de acesso. Contudo, a economia das plataformas também levanta novos desafios, em especial no que respeita a questões de privacidade, regulação e competição.



Um pouco de poesia económica contemporânea… A era digital trouxe muitas, talvez demasiadas, possibilidades de escolha. Trouxe também muita interação (ainda que, em muitos casos, superficial). Muita informação e tempo limitado para a processar e escolher. Citando Richard Thaler, Nobel da Economia em 2017, a propósito dos limites das capacidades cognitivas: «Se se oferecerem 500 planos de pensões aos consumidores, estes últimos serão incapazes de escolher. São demasiadas opções.» A Economia, ciência cujo objeto é a gestão dos recursos escassos – como é o caso do tempo – nunca foi tão necessária, quanto hoje.

Com a Internet surge a necessidade de criar plataformas sofisticadas que nos guiem num mundo tão vasto e permitam que cada um de nós possa, a baixo custo, encontrar um caminho.

Estas plataformas são intermediárias num mercado com múltiplos lados. Algumas, disponibilizam a tecnologia que permite a interação entre diferentes comunidades de utilizadores. Outras permitem que compradores e vendedores se encontrem, identificando possibilidades de troca que são mutuamente desejáveis. Pelo caminho, estas plataformas ajudam os consumidores a escolher, oferecendo recomendações ou construindo rankings. Vejam-se os casos de plataformas de alojamento, de reservas, de encontros e dos próprios motores de pesquisa.

Apesar de serem altamente diferenciadas, estas plataformas têm uma característica comum, isto é, o facto de o benefício que cada agente retira da sua utilização depender do número de outros utilizadores. São as externalidades de rede positivas (benefícios induzidos) ou as negativas (de congestionamento). Quanto maior for o número de utilizadores de uma plataforma, maior será o seu poder de mercado.

Em geral, os economistas gostam de mercados, mas perante uma tal concentração de poder de mercado, alguns recomendam a sua regulação. Tal como se conhece hoje, a análise do poder de mercado e da regulação deve-se em grande parte a Jean Tirole, francês e professor de Economia na Toulouse School of Economics, e aos seus coautores.

Jean Tirole, Prémio Nobel da Economia de 2014, advoga que não há uma receita eficaz para todos os mercados, reconhecendo a necessidade de encontrar soluções de regulação diferentes para casos específicos, entre os quais se encontram os mercados com plataformas digitais.



Quais são os desafios?

Os desafios colocados pela digitalização da sociedade não têm precedentes. Se já são bem visíveis alterações na forma como compramos livros e música, vemos as notícias ou interagimos com as pessoas, os avatares ou com o nosso banco, espera-se uma transformação profunda na estrutura dos mais variados mercados.

O progresso tecnológico tem vindo a afetar radicalmente a forma como trabalhamos e como nos relacionamos. Questões relacionadas com a confiança, a segurança, a confidencialidade e proteção de dados, a sustentabilidade dos sistemas de saúde, a rede de apoio social e a destruição de emprego em virtude da automação, colocam em perigo a economia do bem comum e merecem hoje, mais do que nunca, toda a nossa atenção, e levantam novos desafios para os fazedores de políticas públicas a nível europeu e nacional, na era digital, a que voltaremos proximamente.


Até lá deixo mais uma sugestão de leitura: Tirole, J. (2018), Economia do Bem Comum. Editora Guerra & Paz.


É mais difícil enganar o povo que lê …😉


 
 
 

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