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Podcast: Oikonomia 10_A empresa evolucionária do futuro

  • Foto do escritor: João Leitão
    João Leitão
  • 13 de abr. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 1 de mai. de 2023


A empresa é uma unidade multifuncional com recursos, departamentos, pessoas e funções, organizados para garantir o fim último de maximizar o lucro. Retoma-se, assim, uma visão do passado para melhor ilustrar a empresa evolucionária do futuro, que deixará de ter como foco a unidade empresarial e terá como unidade aglutinadora um composto complexo de natureza, indivíduo e interior desse indivíduo, onde um composto de irracionalidade ilimitada e racionalidade planeada, deverá ser profundamente investigado, estudado e compreendido.

Mais do que as competências técnicas, comportamentais e ambientais, na empresa evolucionária do futuro iremos entrar pelo indivíduo adentro e perceberemos como este decide, em sede do seu supercomputador, o cérebro, mas também do seu motor propulsor, o coração, percorrendo de baixo para cima, dos pés, para as mãos, passando por outras áreas erógenas até aos olhos.

A empresa evolucionária do futuro não terá paredes e será gerida a uma muito grande distância, tendo por base um funcionamento desmaterializado em hologramas e algoritmos que aprenderão com o processo de tentativa-erro. A empresa inspirada na natureza será um espaço disfuncional e utopicamente desestruturado, com unidades de negócio deslocalizadas e desmaterializadas, onde os indivíduos terão um papel crescentemente vocacionado para a felicidade, a criatividade, o desenho, o conhecimento, a inovação e o capital de empreendedorismo individual, colocado à disposição do bem comum.

Os indivíduos terão novas funções, designadamente, observar e aprender da natureza, corrigir erros das máquinas, introduzir humanismo nas decisões e, sobretudo, garantir a utilidade da comunidade (entenda-se a satisfação coletiva), para que a gestão seja humana, genuína, responsável, eficaz e inclusiva.

O colaborador da empresa evolucionária do futuro, terá de ter um perfil de formação multidisciplinar, bem como ser humano, genuíno e humanista, que são caraterísticas em extinção acelerada. Contudo, aqui reside uma oportunidade de diferenciação para o futuro, ou seja, (des)construir e ser uma organização feliz, humana e adaptativa, com impacto espacial, económico, ambiental, social e cultural.

A missão da empresa evolucionária do futuro irá revestir-se de uma especial complexidade, pois a lavagem verde e responsável, em curso, será percecionada como uma fonte de problemas ao nível da confiança e da credibilidade, que serão elementos críticos fundamentais na determinação da sustentabilidade.

Com o que é possível antecipar hoje, a inteligência artificial, o blockchain, e a realidade virtual e aumentada, serão os pilares do funcionamento entrópico e disfuncional da empresa evolucionária do futuro. Deste modo, do funcionamento organizacional entrópico surgirão, naturalmente, ecossistemas, fluxos complexos, estratégias, posicionamentos, posicionamentos e modelos de negócio, onde errar é uma fonte de aprendizagem, sendo que essa cultura adaptativa poderá facilitar saltos tecnológicos disruptivos.

A inteligência artificial irá organizar, catalogar, racionalizar, criar perfis e estandardizar o processo de decisão. A partir da observação da natureza, ao indivíduo caberá o papel crítico de humanizar a decisão, se for capaz de antecipar e perceber como as diferentes componentes do corpo humano atuam em função de ambientes, experiências e contingências.

O blockchain destruirá o dinheiro metálico e permitirá aprofundar a origem fidedigna, a identificação, o rastreio, a interoperabilidade, a transparência, a prestação de contas, a coresponsabilização, a qualidade do serviço e, sobretudo, a integração, por blocos, de dados e, posteriormente, de conhecimento e informação, que permitirão elevar a qualidade da gestão da empresa evolucionária do futuro.

A realidade virtual e aumentada irá conferir uma dimensão-n às cadeias de valor, que têm por base sistemas de fornecimento, investigação, produção, distribuição, promoção e circularidade, desmaterializando as estruturas físicas da empresa do futuro e acelerando a sua abertura e exposição global, assente em princípios ecossistémicos de biodiversidade e de evolução das espécies.

Trabalhar na empresa evolucionária do futuro, terá de ser um exercício coletivo de indivíduos genuínos, desprovidos de egoísmo e egocentrismo, onde o sexo, a raça, a casta, a origem social ou a orientação sexual, não sejam fatores restritivos da utopia da partilha do bem-comum.

Termino em círculo aberto, regressando ao passado, com a proposta de função objetivo da empresa evolucionária do futuro, que jamais poderá assentar na procura de uma solução ótima para o problema dual de maximização do lucro ou de minimização do custo, mas sim na partilha de valor comum entre indivíduos, máquinas, tecnologias e ecossistemas inteligentes, que melhor se adaptem às mudanças planeadas ou inesperadas, no sentido de proporcionar à sociedade uma evolução em direção a uma humanização baseada nas soluções diversas, justas e inclusivas, que a natureza nos oferece de forma desinteressada e altruísta.



João Leitão

Universidade da Beira Interior


Publicado no Jornal do Fundão, Edição N.º 4000

 
 
 

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